Magnificat anima mea Dominum Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo.
Esse hino de louvor, dito por uma adolescente, ficou conhecido como o Magnificat. Nele, ela exalta ao Grande Deus por atentar para a humildade de sua serva.
A história do encontro do anjo com Maria se inicia exatamente seis meses depois de Gabriel ter sido enviado a Jerusalém. Maria estava prometida em casamento a um homem da casa de Davi chamado José. Naquela época, as jovens eram prometidas no início da adolescência (13 e 14 anos) e depois de um ano casavam e iniciavam a vida matrimonial. Para essa mocinha, o Senhor iria revelar as verdades profundas da encarnação e da Trindade.
”E, aproximando-se dela, o anjo disse: — Salve, agraciada! O Senhor está com você. Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que poderia significar esta saudação.“
Lucas 1:28-29
O anjo lhe faz uma saudação – Salve agraciada! – como se fosse um “Bom dia, muito favorecida!”. O termo significa que ela será recipiente um favor especial da parte de Deus. Isso não significa nenhum valor intrínseco – mas o papel que Deus graciosamente está concedendo a ela ter. Por outro lado, a “perturbação e confusão mental” mostra que talvez ela tenha pensado o que isso poderia significar: como Deus notou essa jovenzinha, anônima, em uma pequena cidade da Galileia, chamada Nazaré para alguma tarefa especial? Apesar disso, ela responde:
”Então Maria disse: — Aqui está a serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a sua palavra. Então o anjo foi embora.“ Lucas 1:38
Aprendemos com Maria que os agraciados respondem em fé, mesmo que existam muitas coisas envolvidas nessa decisão de voluntariamente participar do que Deus está fazendo. O que Maria disse indica uma profunda crença na perfeição da vontade do Senhor, porque quando o anjo avisa que ela não vai ficar grávida por meios naturais, ele diz que, ela ficaria grávida sem estar casada, ainda prometida. Ela correria o risco de sofrer o estigma de conceber fora do casamento.
Maria está na mesma linha de muitos homens e mulheres que tomaram a decisão de responder com fé a despeito do que isso custaria:
– Ester (4:16) – “se perecer, pereci”
– Rute (1:16) – “o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus”
– Jesus (Lucas 22:42) – “não a minha vontade, mas a sua”
Afinal, como ela poderia desempenhar bem a sua função se ela fizesse apenas o que quisesse? Deus não pode ser o nosso Senhor se nós insistimos em viver e governar a nossa vida.
Mas Maria também nos ensina que sujeição e alegria não são excludentes ao ser coadjuvante do maior de todos os enredos. Maria aceita a vontade de Deus para ela, mesmo que o anjo fale apenas duas vezes coisas relacionadas com Maria – (v.28, 29) agraciada e abençoada.
Tudo o mais é dito sobre o filho de Maria. Ele seria o filho do Altíssimo, Ele reinará para sempre, Ele será chamado filho de Deus. Não existem muitas promessas de prosperidade para ela – apenas que ela seria por graça e misericórdia utilizada pelo Senhor para cumprir o plano de Deus de trazer o Messias. Mesmo assim, ela creu e se alegrou:
”Então Maria disse: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque ele atentou para a humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome. A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem. Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos. Amparou Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia a favor de Abraão e de sua descendência, para sempre, como havia prometido aos nossos pais.”“
Lucas 1:46-55
A canção de louvor de Maria pode ser dividida em duas partes, a primeira (1:46-49) descreve a experiência pessoal de Maria e a segunda (1:50-55) explica os princípios teológicos mais gerais da atuação do Senhor para com o povo de Israel. Maria nos ensina que compreensão teológica do plano e caráter de Deus não é coisa só de adulto.
Difícil entender como alguém em tenra idade conseguiria expressar tanta maturidade sobre a vida. Sua compreensão do que Deus estava fazendo na história era simples:
a. ela pertencia a um povo que tinha como pai Abraão, com quem o Senhor havia feito um pacto e agora Ele o estava cumprindo (v. 55).
b. Ela também demonstra compreensão sobre sua própria identidade, era uma serva humilde do Senhor, uma agraciada (vv. 38, 48), uma jovem temente a Deus (v.50).
c. Ela conhecia o Senhor, Ele era o seu salvador (v.47), completamente Santo (v.49), misericordioso com os que o temem (v.50).
Não existe papel coadjuvante significativo no plano de Deus sem compreensão da verdade. Sem profundidade teológica não existe devoção séria. Nós exaltamos ao Senhor na medida proporcional da nossa compreensão de sua pessoa e plano.
Sem saber o que Deus está fazendo no mundo, não tem como cooperar com isso. Sem temor ao Senhor, não experimentaremos essa misericórdia que Ele dispensa sobre estes. Sem ter o Senhor como Salvador, não existe possibilidade de se alegrar nEle.
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